Quais as estratégias de cidades da região que avançam e já vacinam a população jovem

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Após seis meses da campanha de imunização contra a Covid-19, a vacinação já chega à população de 18 anos em cidade da região. Pelo menos 13 municípios já chegaram na faixa de 30 anos ou menos. Em Santa Maria, a maior cidade da Região Central, a vacina chegou na população a partir dos 35 anos nesta semana. Mas a diferença entre calendários e faixas etárias vacinadas deixa a seguinte pergunta: o que faz algumas cidades avançarem mais rápido do que as outras na vacinação por idade?

Entre as estratégias adotadas por municípios, está a existência de ações à noite, aos finais de semana e feriados, busca ativa com todos os moradores, agendamento, distribuição de "vale-vacina" na véspera para garantir agilidade. Nas 13 cidades mais avançadas (sendo 10 delas com menos de 10 mil habitantes), existe uma atenção básica eficiente, e agentes de saúde fazem busca ativa e avisam cada morador. Saber quantas pessoas integram cada grupo também ajuda na hora de organizar as ações. 

JOVENS VACINADOS
Em Itacurubi, a primeira cidade da região a chegar na faixa dos 18 anos, já se tem 60% da população de 3,4 mil habitantes vacinada, ao menos, com uma dose. Entre as estratégias, a busca ativa, com o intuito de avisar diretamente cada morador, se mostra certeira.

- O que acontece na nossa cidade é que não tem muitos jovens. Muitos deixaram a cidade desde o último censo. Então isso faz com que consigamos ir baixando as idades nas ações, já que a demanda não é tão grande - afirma o prefeito Gelso Soares (PDT).

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Pinhal Grande, de 4,2 mil habitantes, começou a imunizar, na segunda-feira, os jovens a partir dos 25 anos. Por lá, a agilidade na logística é apontada como um dos fatores que ajuda no avanço. Assim que as doses chegam, no turno seguinte, já são aplicadas. Teve um dia em que as doses chegaram de tarde e já à noite as pessoas foram chamadas para tomar a vacina.

- O fato da população ser pequena também ajuda. As pessoas se conhecer e é fácil de avisar sobre as ações. É tudo muito ágil - explica a secretária de Saúde Dileta Guedes Somavilla. 

Em Paraíso do Sul, que já chegou aos 28 anos, a estratégia adotada é o agendamento, feito por telefone. As pessoas ligam para marcar horário no posto de saúde e, assim, não precisam aguardar em filas. Dessa forma, com base nas pessoas que ligaram após todas as doses disponíveis já terem sido agendadas, é possível estimar o quantas pessoas na faixa etária ficaram sem vacina e programar as novas ações.

MENOS POPULAÇÃO, MENOS DOSES
Em cidades pequenas, de fato, algumas ações são mais eficientes e fazem com que a fila da vacina ande mais rápido. Entre essas ações, se destacam a cobertura da atenção básica de saúde e facilidade de contatar todos os moradores. Porém, vale lembrar que as doses distribuídas são proporcionais à população. Ou seja, municípios menores recebem também menos vacinas. Na semana passada, quando Santa Maria recebeu uma remessa 4,5 mil de AstraZeneca, em Itacurubi só chegaram 50 vacinas, o equivalente a 10 ampolas.

Cidades que já estão vacinando população de 30 anos ou menos:

• Vila Nova do Sul - 30 anos
• Quevedos - 30 anos
• Lavras do Sul - 30 anos
• Cruz Alta - 30 anos 
• Santana da Boa Vista - 25 anos
• Cacequi - 30 anos
• São Martinho da Serra - 30 anos 
• Tupanciretã - 29 anos 
• Paraíso do Sul - 28 anos
• Restinga Sêca - 27 anos 
• Pinhal Grande - 25 anos
  
• Dona Francisca - 25 anos
  
• Itacurubi - 18 anos

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Foto: Prefeitura de Cruz Alta (Divulgação)

Cidade distribui vale-vacina no dia anterior
Mas, além das cidades pequenas, tem outras de porte maior, como Cruz Alta, que também já avançaram bastante. Com 60 mil habitantes, o município já conseguiu vacinar 60% da população com, ao menos, uma dose. Nesta quarta-feira, a imunização chegou aos 30 anos no município.

- Nós estamos vacinando, ao mesmo tempo, os trabalhadores das indústrias e avançando nas faixas etárias. Essa estratégia tem se mostrado muito boa, pois conseguimos avançar rapidamente nesses dois grupos - analisa a secretária de Saúde, Daura Melissa Costa Beber Westphalen.

De acordo com Daura, a estratégia da secretaria é a distribuição de "vale-vacina" no dia anterior à ação. Com isso, as pessoas não precisam madrugar na fila e, já no dia anterior, garantem que não irão ficar sem a dose. Além disso, também são feitas ações ampliadas até as 19h, aos finais de semana e feriados, horários em que a prefeitura tem notado grande fluxo de pessoas, principalmente trabalhadores.

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MENOS DOSES DO QUE O NECESSÁRIO
Em Caçapava do Sul, de 33,5 mil habitantes, a prefeitura relata uma dificuldade, que impediu o avanço mais rápido na vacinação por faixas etárias. Isso porque o último censo oficial realizado no Brasil foi em 2010, e são os dados desse censo que são levados em consideração na hora da distribuição das doses proporcionais às prefeituras. Só que, segundo o prefeito Giovani Amestoy da Silva (PDT), a população idosa no município deu um salto de 7 mil em 2010 para 11 mil em 2021. Com isso, enquanto a vacinação já avançava para faixas abaixo dos 60 anos em municípios gaúchos, Caçapava ainda precisava destinar mais doses para o público idoso. Nesta semana, o município vacina pessoas de 38 anos de idade. 

- Nós temos a segunda maior porcentagem de idosos entre todos as cidades do Rio Grande do Sul. Isso fez com que não fosse possível avançar tão rápido nas faixas etárias com menos de 60 anos. Ainda assim, temos conseguido um bom alcance entre a população e agilizar a aplicação de todas as doses que chegam - afirma o prefeito. 

Entre as 39 cidades da região de cobertura do Diário, todas já conseguiram baixar a faixa etária de vacinação, pelo menos, até os 44 anos, o que vai de encontro com a previsão do governo do Estado. A estimativa do Piratini espera que toda a população entre 40 e 44 anos receba uma dose da vacina até o dia 31 deste mês. A projeção do governo é que toda a população adulta do RS receba ao menos uma dose da vacina até o dia 7 de setembro.

Em que faixa etária está a vacinação nas 5 maiores cidades do Rio Grande do Sul:

• Porto Alegre (1,5 milhão de habitantes) - 33 anos 
• Caxias do Sul (517 mil habitantes) - 36 anos
• Canoas (348 mil habitantes) - 37 anos
• Pelotas (343 mil habitantes) - 30 anos
• Santa Maria (283 mil habitantes) - 35 anos

PREMIAÇÃO
Como forma de incentivar uma competição saudável para vacinação contra a Covid-19 entre os municípios gaúchos, o governo do Estado anunciou, em junho, uma proposta de incentivo às prefeituras, com duas premiações em duas datas, para que as cidades acelerem a imunização da população.

O primeiro prêmio foi anunciado na terça-feira, com distribuição de R$ 625 mil. A premiação foi repassada aos municípios que, proporcionalmente, mais vacinaram até agora, de acordo com o número de doses aplicadas e registradas no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) sobre o número de doses distribuídas, em cada um dos quatro portes: acima 100 mil habitantes, de 99.999 a 50 mil habitantes, de 49.999 a 10 mil habitantes e abaixo de 10 mil habitantes. Mais R$ 625 mil serão repassados em 20 de agosto. 

Nenhuma cidade da região foi contemplada com o prêmio, mesmo que tenham alcançado 100% da aplicação da primeira dose. O desempate para o prêmio levou em conta o número de doses aplicadas como segunda aplicação, que ficou abaixo da meta em algumas cidades. 

RESUMO

• Pelo menos 13 cidades da Região Central já começaram a vacinar pessoas com 30 anos ou menos
• Entre esses municípios que mais avançaram na vacinação por idades, 10 tem menos de 10 mil habitantes
• As principais estratégias nestes municípios incluem: ações à noite, aos finais de semana e feriados, busca ativa com todos os moradores, agendamento, agilidade na logística e distribuição de "vale-vacina" no dia anterior
• Entre as 39 cidades da região de cobertura do Diário, todas já conseguiram baixar a faixa etária de vacinação, pelo menos, até os 44 anos
• A projeção do governo é que toda a população adulta do RS receba ao menos uma dose da vacina até o dia 7 de setembro